O piauiense Edinaldo dos Santos, que diz ser mais conhecido na região do que “nota de R$ 1”, vai todos os dias para o estacionamento no próprio carro e afirma ter uma renda de R$ 6 mil por mês.
No Distrito Federal, a atividade de guardador e lavador de carros é regulamentada desde 2009.
O flanelinha, porém, não pode obrigar o motorista a pagar pelo serviço.
Ele pode atuar em "área externas, públicas, destinadas a
estacionamento". "O guardador deve ser habilitado por órgão de trânsito
para que possa efetuar manobras utilizando automóvel deixado em sua
guarda."
Santos chegou a Brasília aos 18 anos, em busca de emprego. O irmão
trabalhava como taxista e sugeriu que ele lavasse carros no centro da
capital. O trabalho, que era para ser apenas um bico, já dura quase três
décadas. Nesse período, Santos se casou, teve quatro filhos e comprou
uma casa em Planaltina de Goiás que, segundo ele, é avaliada em R$ 400
mil.
A máquina de cartão custou R$ 800 e foi comprada em várias parcelas, há
seis anos. Santos diz que passa até R$ 1 nela, se for preciso. "As taxas
são boas, 1,5%, desconta na hora. Também aceito tíquete-refeição", diz.
"Tenho ainda uma máquina de recarga de celular. Ganho 4% do que vendo."
O carro de Santos, avaliado em R$ 16 mil, funciona como seu escritório. É
nele que o flanelinha guarda notas fiscais, recibos de transações,
máquinas de cartão de crédito, chips de celular e o alvará de funcionamento da lanchonete que ele iniciou há alguns anos, no próprio veículo.
Para ajudar na venda de lanches, Santos contratou uma funcionária, que
prepara e leva para os clientes misto-quente, pão de queijo, bolo,
tapioca, café. "Meus clientes são funcionários de hotéis, churrascarias,
taxistas. Os funcionários de uma rádio também comem meu lanche e fazem
até propaganda ao vivo da 'Edilanches", conta.
O flanelinha também tem uma Kombi, que comprou por R$ 10 mil. O veículo é
usado para guardar material usado na lavagem de carros. "Lavo sozinho
cerca de 20 carros por dia, a R$ 20 cada", disse. "Busco em casa e
devolvo, se for preciso."
Ser conhecido e ter a confiança de motoristas em uma área valorizada não
é para qualquer um. “Não é fácil, não. Se chegar um estranho aqui, não
arruma nada. Tem que ter conhecimento, ninguém vai jogar a chave na sua
mão", afirma. “Ninguém entra assim. A gente não deixa também. A gente
fala, 'olha cara, a gente já está cuidando aqui', e eles entendem. Não
chega nem a ter disputa."
Santos conta que em uma única ocasião teve o "território ameaçado". "Uma
vez fui para o Nordeste visitar meu pai, e quando voltei tinha um cara
aqui estranho. Na época, falei com o policial que ele não queria sair, e
o próprio PM pediu para ele sair daqui numa boa, que aqui quem estava
era eu, há muitos anos. Ele disse que não, que não tinha ponto para
trabalhar, mas o policial não deixou. E aí ele foi embora."
O flanelinha trabalha de segunda a sábado, das 6h às 20h, e afirma que
não pretende se aposentar tão cedo. Segundo ele, os dois irmãos, de 24 e
48 anos, estão desempregados e também estão trabalhando como
flanelinhas no local. Eles tiram até R$ 140 por dia lavando carros.
Fonte: Com informações do G1